Se a solidão me invade,
o que poderei fazer senão amar o próximo,
o que poderei fazer,
se a noite cai,
e o frio pousa sob meus ossos,
o que poderei fazer para aquecer o coração?
Não economicamente viável,
dizia-se do homem e dos seus actos,
o seu comportamento não arrastava simpatias,
talvez tivesse o coração congelado,
mas não,
haveria de percorrer o mundo,
haveria de fazer vingar os seus imensos sonhos,
o passado perseguia-o como uma sombra,
as energias faltavam,
a sua luta era quixotesca,
um dia, um dia teria felicidade,
pois compreendera na solidão e do sofrimento,
a sua condição,
um dia o sol brilharia ao ponto de não ver sua sombra,
a pique, sob o seu corpo adulto,
e choveria logo a seguir,
regenerando a mãe terra as suas sementes,
acabaria num florilégio diverso,
abraçado a sua amada,
abraçado a uma outra vida.
Muitas das vezes deixamos andar
Não nos preocupamos com o amanhã
Dizemos que o medo de ontem será
O medo de amanhã
Quando menos esperamos,
Depois de tanto procurar,
Conseguimos obter alguma coisa,
Nem que seja o pão para a boca
E isso já nos traz dignidade
Para não dizer felicidade
Mas também a esperança
De que um dia dos iremos todos rir
Disto que se está passando “cá em baixo”.
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