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Pensarilho (2)

Se a solidão me invade,

o que poderei fazer senão amar o próximo,

o que poderei fazer,

se a noite cai,

e o frio pousa sob meus ossos,

o que poderei fazer para aquecer o coração?

Não economicamente viável,

dizia-se do homem e dos seus actos,

o seu comportamento não arrastava simpatias,

talvez tivesse o coração congelado,

mas não,

haveria de percorrer o mundo,

haveria de fazer vingar os seus imensos sonhos,

o passado perseguia-o como uma sombra,

as energias faltavam,

a sua luta era quixotesca,

um dia, um dia teria felicidade,

pois compreendera na solidão e do sofrimento,

a sua condição,

um dia o sol brilharia ao ponto de não ver sua sombra,

a pique, sob o seu corpo adulto,

e choveria logo a seguir,

regenerando a mãe terra as suas sementes,

acabaria num florilégio diverso,

abraçado a sua amada,

abraçado a uma outra vida.

Muitas das vezes deixamos andar

Não nos preocupamos com o amanhã

Dizemos que o medo de ontem será

O medo de amanhã

Quando menos esperamos,

Depois de tanto procurar,

Conseguimos obter alguma coisa,

Nem que seja o pão para a boca

E isso já nos traz dignidade

Para não dizer felicidade

Mas também a esperança

De que um dia dos iremos todos rir

Disto que se está passando “cá em baixo”.


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