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Mostrando postagens de abril 6, 2008

Pensarilho (2)

Se a solidão me invade, o que poderei fazer senão amar o próximo, o que poderei fazer, se a noite cai, e o frio pousa sob meus ossos, o que poderei fazer para aquecer o coração? Não economicamente viável, dizia-se do homem e dos seus actos, o seu comportamento não arrastava simpatias, talvez tivesse o coração congelado, mas não, haveria de percorrer o mundo, haveria de fazer vingar os seus imensos sonhos, o passado perseguia-o como uma sombra, as energias faltavam, a sua luta era quixotesca, um dia, um dia teria felicidade, pois compreendera na solidão e do sofrimento, a sua condição, um dia o sol brilharia ao ponto de não ver sua sombra, a pique, sob o seu corpo adulto, e choveria logo a seguir, regenerando a mãe terra as suas sementes, acabaria num florilégio diverso, abraçado a sua amada, abraçado a uma outra vida. Muitas das vezes deixamos andar Não nos preocupamos com o amanhã Dizemos que o medo de ontem será O medo de amanhã Quando menos esperamo

Estórias do Acaso (pré publicação)

O título deste texto tem por inspiração “A Música do Acaso”, de Paul Auster. Vem um realizador escrito a Lisboa, chamado Paul Auster e fala na FNAC, porque terá escolhido Lisboa para filmar. Preciso de saber o que leva um americano a interessar-se por Lisboa e Portugal. Vou seguir as filmagens, talvez me desloque até ao local das filmagens, parece que é Sintra ou o Alentejo. Sai publicado no Jornal de Letras qualquer coisa sobre ele, que tem um ar pesado, deve fumar imenso, isto da associação da literatura e do tabaco está desactualizado, é anacrónico. Talvez devesse dar importância ao facto de ter a oportunidade de escrever e talvez devesse ter sabido aproveitá-la melhor. Pena é que não tenha antecedentes e veja a escrita estritamente como uma necessidade biológica subjectiva. Mesmo assim, talvez gostasse de conhecer a filha de Paul Auster.

A Poção d'Amor (pré-publicação)

Primeiro Capítulo Eulália Iemanjá estava perto da morte. Nos arredores de Lisboa, exercia a profissão de bruxa, aconselhando os clientes sobre males do espírito e do corpo. Manou Artides a visitara imbuído de curiosidade científica e padecendo também de um mal estranho à sua própria existência. Sua filha, Noémia Iemanjá, mostrara-se em todo o seu esplendor ao interromper a consulta para dar o número da conta bancária onde se iria depositar o dinheiro. Artides ficou com o seu número de conta e conseguiu junto de um amigo bem colocado em instituições bancárias, a sua morada e número de telefone. Um dia, pois, resolveu telefonar-lhe. Contava não que Iemanjá lhe curasse dos males, mas sim Noémia, Iemanjá também todavia. Apresentou-se como amigo de um conhecido comum e adiantou que precisava de lhe falar a sós, pois era detective privado e ela corria perigo de vida. Ela ficou espantada e talvez um pouco assustada e isso só aguçou o seu desejo. (continua)