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Mostrando postagens de abril 13, 2008

De como os vivos sabem dos mortos (pré-publicação)

Primeiro Capítulo De como a nossa personagem se dá conta da sua condição Quanto a um certo sentido das coisas, o mundo corria à pressa, sem ter em conta os destinos individuais. Naquele tempo e naquele país não adiantava de nada fazer silêncio revoltado ou gritar a todo o instante dizendo que se era vítima de uma qualquer forma de justiça. Pelas oito da noite, após um dia de trabalho, Josué Calisto, preparava-se para ver o noticiário pela sua televisão, eis que é seu espanto ver anunciado a abrir o jornal a notícia de que Josué Calisto estaria morto. A partir daquele dia tentou provar por todos os meios possíveis e impossíveis que afinal estava vivo. A conta do banco foi cancelada, ficando o banco com o dinheiro, na verdade Josué não deixara para os seus familiares nada da fortuna pessoal que amealhara nos anos produtivos da sua existência. Num dia que mostrava o sol numa beleza cintilante, Josué procurava essa beleza incandescente para o seu espírito. Sonho pouco e dormiu men

Diálogo com as Sombras (Pré-Publicação)

Num dos passeios à noite, uma figura estranha aproximou-se de Custódio. Aproximou-se demais, enquanto ele descansava na relva. -Quem é que me persegue? -Boas noites, não tenhas receio que eu sou apenas uma sombra. -Uma sombra? Então vocês não são visíveis sobretudo quando há luz? -Não é bem isso. É que durante o dia arrastamo-nos atrás dos nossos originais e somos impedidos de falar, além do mais não consigo descansar porque o meu original revolve-se na cama em sonhos terríveis e abominantes, sabes, tenho até medo que mate a sua própria sombra. -Quem é o teu original? - Perguntou Custódio. -O meu original é um médico. Acho-o uma pessoa vazia. Não tem vida própria. Nem sequer mereceria ter uma sombra dedicada como eu. -Estranho e curioso quando falas nisso, pois não sei o que diria de mim a minha sombra. Por acaso não a conheces? -Não sei, as sombras reúnem-se à noite em antigos castelos ou junto a regatos para expor as suas observações sobre os seus originais, ou donos. Fala

Pensarilho (4)

Estudar, insisto em estudar, em procurar nas palavras consolo e regra de vida, podia não ser assim, o meu conhecimento seria feito de experiência, mesmo assim não estou longe de tudo, pois como Drummond de Andrade, procuro a ode cristalina que não está nos dicionários.