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Estórias do Acaso (I)


Continuamos no trilho da ideia sugerida por Rilke, lida num suplemento literário de um jornal nacional. Naquele dia retira-se em casa para fazer várias coisas: ler, escrever um pouco, enviar umas cartas, fazer o melhor que sabia fazer: esperar. Contudo, algum sentimento de impotência apoderava-se do seu espírito, mas sentia-se preparado para trabalhar. Se tivesse condições sairia do país, podia ser que as experiências anteriores no estrangeiro, ainda dentro da Europa, não fossem mais do que meras experiências. No entanto andava de carro, com a mãe no lugar do morto e a irmã grávida conduzindo, ele atrás pungindo a sua condição. A cena repetia-se sempre que ouvia a canção de Moby. No entanto, o melhor era continuar a caminha por meio da floresta dos enganos, arriscando o seu rosto em ser desfigurado, o corpo maltratado, mas teria fé que um dia chegaria a algum lugar, que teria alguma vitória. O silêncio dos outros calara-o, também não queria que meio mundo fizesse e desfizesse dele, Jonas não tinha grandes dons de oratória. Quando os podia ter desenvolvido não o fez e agora tudo o melhor que sabia fazer seria conversar. Conversa de café? Veríamos. Na verdade, se fosse outro, tinha, ainda falando dos tempos académicos, feito render a força física que mais ninguém tinha naquele âmbito, só que os outros estavam mais bem preparados para a tarefa sócio-antropológica, porque não aceitar isso? Os tempos agora eram felizmente outros. Jonas não queria ser especialista em nada, nem solicitado para dar opinião (talvez quisesse algures secretamente) mas ser um cidadão normal.

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